Deixamos Andorra no começo da tarde. Continuamos nossa jornada até o fim dos Pirineus.
Quando finalmente chegamos ao final, no lado francês, estávamos nas proximidades de Limoux, quando o inesperado aconteceu: começamos a ouvir um barulho um tanto preocupante vindo do motor da Van.
Paramos logo em seguida e, tivemos a triste conclusão que nós dois não entendemos muito sobre mecânica. O Al trouxe uns livros e manuais sobre Volkswagen, porém, foi inútil tentar aprender isto agora.
Já era mais de sete horas da noite, de uma sexta-feira. Pensei comigo: we are screwed (estamos fudidos!). Na Europa, os fins de semana são levados mais à sério e muitos dos serviços não abrem sábado e domingo.
Somente quando estamos em situações como esta, sabemos como são nossas reações. Graças a Deus, nós dois conseguimos manter a calma. O primeiro plano era procurar por um camping, primeiro porque eles lidam com turistas e provavelmente falam ingles. Segundo porque lidam também com caravan-people como nós e acredito que outras pessoas tenham passado pelo mesmo problema.
Vimos alguns campings pelo caminho, e decidimos procurá-los.
Provavelmente, entramos em alguma rua que não nos recordávamos e acabamos não os encontrando.
O barulho do motor estava aumentando. Precisávamos achar algo, rápido.
Seguimos até Limoux. Como que por milagre, avistei do outro lado da estrada uma oficina mecânica. Eram oito horas da noite e o lugar ainda estava aberto!
Corremos para lá.
Ali chegando, fui falar com o mecânico local. Gente, foi surreal. Embora eu de cara explicasse que não falava francês, ele desandou a falar, sem parar, por pelo menos meia hora. Pelo pouco que entendi, ele era proprietário do local, e muito bem conceituado. Atendia a toda a região, E estava de saída, mas daria uma olhadinha na nossa Van.
A outra parte de nossa desventura foi mais surreal ainda: após examinar a Van, ele rapidamente ia dando o seu prognóstico. Eu, sem conhecimento de francês e nem de mecânica, ia explicando para o Al o que ele queria dizer.
Conclusão: ele achava que estávamos com um problema na regulagem dos cilindros que compõe o motor. Já eram mais de nove horas, ele somente poderia dar uma olhada pela manhã. Poderíamos dormir na oficina e no dia seguinte, ele poderia regular a Van, caso o problema fosse somente este.
Não tínhamos escolha, então foi isto que fizemos. François era um conversador e tanto. Pelo que nos contou, havia se separado há seis anos atrás, e agora, nos seus cinquenta e dois anos, parecia passar a maior parte do tempo em sua oficina. Tinha duas filhas estudando em Paris e sonhava em um dia aposentar-se e seguir viagem como estamos fazendo.
Ficamos conversando em seu escritório até altas horas da noite, assistindo à videos no Youtube tirando sarro do presidente Sarkosy.
Estava morta de cansada, então me retirei para dormir.
Nossa Ka, que saga! Acho que estive em Andorra (é colado em Biarritz?), parece um labirinto, com umas ruas que lembram o Morumbi, só casas e absolutamente ninguém na rua! Sabe que tbm encontrei um senhor nessa faixa etária (será que é o mesmo?) que não falava uma palavra em outra língua que não fosse o francês mas tentou me ajudar (na verdade, depois tentou me xavecar). O que importa é que tudo acabou bem (no meu caso e no caso de vcs!). Boa viagem!